O inglês é o novo latim
2012 May 09Em muitos cursos que participei, fóruns de discussão e nos ambientes acadêmicos que estive um dos maiores gaps que vi em grande parte dos companheiros de sala foi o inglês; seja para falar ou mesmo para ler artigos técnicos.
Sempre as mesmas desculpas como “Aprendi na escola, mas esqueci”, “Esqueci por falta de prática” ou mesmo a auto afirmação de que “odeia inglês e não aceita o imperialismo ianque”. Para quem é da área de TI é quase que atributo fundamental o inglês; e muitas das vezes será mais importante ter o inglês do que os atributos técnicos de fato; pois, passa ao seu empregador o fato de que ele pode te colocar em qualquer tipo de ambiente que a língua não será impeditivo para o aprendizado.
Hoje é caráter quase que obrigatório obter a língua inglesa no CV quando se trata de empregos na área de TI, até mesmo para pesquisas acadêmicas. Dentro do campo de Mineração de Dados é muito comum encontrar (bons) materiais de referência em lingua inglesa, enquanto em Terra Brasilis a qualidade das públicações é quase de chorar: Erros de nomenclaturas, traduções bizonhas, simplificações que beiram o ridículo, show de lugares-comuns em mineração de dados e sobretudo a falta de aplicações práticas com as técnicas apresentadas.
Sim o panorama é triste, e está longe de ser mudado; seja pela a falta de incentivo de editores para escrita de livros técnicos dessa natureza, ou mesmo pelo gap que ainda temos em relação aos Data Scientists da India. EUA, Paquistão e Europeus seja pelo avanço dentro dessa área, ou mesmo interesse maior nesse tipo de disciplina.
Parafraseando o Caio Blinder do Manhattan Connection afirmo que o Inglês é o novo latim. Vejamos alguns fatos:
a) A literatura técnica em Mineração de Dados está concentrada nos Journals internacionais e advinhem qual é a lingua padrão?
b) A literatura nacional em Mineração de Dados é grande parte das vezes escrita por heróis (esse é um adjetivo até eufemista para esses escritores) dentro das universidades; mas a grande realidade é que esses especialistas simplesmente não encontram editores dispostos a apostar em projetos dessa natureza, nos quais estes últimos preferem somente o que trás o lucro. Nada mais justo já que estamos em um regime de livre iniciativa;
c) As publicações em português que não estão enquadradas no caso b) são em geral: 1) Overviews sobre coisas que já foram escritas em um outro momento por uma outra pessoa, 2) Não apresentam nada de novo (Mais do mesmo), 3) São cheios de lugares-comum dentro da literatura consagrada, 4) Necessitam de um grau de revisão mais apurado, e por último 5) Sempre estão cheios de erros de nomenclaturas. Ou seja, Run Forrest, Run.
d) Traduções e publicações em português: Pior do que escrever um texto ruim na lingua nativa, é uma tradução mal feita. Textbooks em Mineração de Dados que são traduzidos confundem mais do que explicam, o que pode ser perigoso em termos de escrita, principalmente se for material de referência para monografias, dissertações e/ou teses. Estou com um artigo aqui na gaveta para postar sobre isso, especialmente no péssimo trabalho de revisão feito no livro Introdução ao Data Mining (TAN, STEINBACH, KUMAR) que é um clássico no assunto que foi praticamente traduzido via Babylon ou Google Tradutor.
e) O inglês derruba fronteiras do saber, no qual você pode ao invés de ficar correndo atrás de Professores de Departamentos de Universidades aqui no Brasil que sempre estão muito ocupados (Esse post do brilhante Prof. Marcelo Hermes mostra isso) (embora pouquissímos publicam em revistas acadêmicas com fator de impacto alto), você pode simplesmente trocar e-mails com indianos, americanos, alemães sem nenhum tipo de restrição e entrar em contato com pessoas que querem o conhecimento de fato; o que pode além de enriquecer de forma cultural pode dar um grande auxílio na prospecção de noavs referências e trabalhos mundo à fora.